quarta-feira, janeiro 13, 2010

diogolo - porque a poética não abandona a razão



a razão é uma paralítica. dessas que não tem tato algum, nem na pele nem pra falar. não é muito amargurada, ela sempre foi assim - nunca sentiu nada.

a poetica é sinestésica. dessas que misturam tudo e ficam hiper-sensíveis a qualquer coisa, das que lhe tocam a pele e das que não fala. essa é amargurada, e sempre foi assim - ela é muda.

a poética é enfermeira da razão. a poética, apesar da amargura é muito espiritualizada. coitada, nunca abandonou a razão. sempre a acudiu, afinal a razão não faz nada, não sente nada. só fala e organiza - e issos ela faz demais.

razão e poética dividem um segredo: são telepatas (apenas entre si) - pelo menos elas acreditam piamente nisso. a poética experimenta tudo, tem seus arrombos de exageros perceptivos, se angustia e amargura por não conseguir falar. olha desesperada a razão, telepatas que são, razão tenta consolar a amiga expressando o que sua telepatia captou, mas a razão nunca sentiu não sabe do que fala.

a poética se consola em ver a razão falar de suas sensibilidades. e volta a oferecer experiências pra razão organizar.
a esses momentos de consolação elas chamaram poesia,conforta a razão que não sabe do que fala, acalma a poética que é muda e nunca poderia falar do que sabe.

a poética é surda.

no celular

ele: amanhã a vida vai me sorrir!
eu: será que ela ainda vai ter dentes?
ele: (estoura de rir)
eu: a vida parece comida que passa fácil do ponto. vou inventar uma coisa a respeito.
ele: inventa sim...

a conversa continuou. a vida também...

por falar nisso,

a vida é um filé de peixe: é complicado de temperar; fede antes disso; salga fácil e se desatento, passa do ponto.

acompanha bem arroz branco e jejum de quaresma.

vida: porque não se pode ter outra coisa.