segunda-feira, dezembro 17, 2012

No meio do caminho



No meio do caminho tinha uma drágea
tinha uma drágea no meio do caminho
tinha uma drágea
no meio do caminho tinha uma drágea.

Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma drágea
tinha uma drágea no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma drágea.


adaptação do original de Carlos Drummond de Andrade "No meio do caminho"
 Leonardo Rander
Belo Horizonte, 1º de setembro de 2012 

segunda-feira, julho 09, 2012

MANISFESTO DIVINO: DA CRUZ À GLÓRIA!

            Entristece muito meu espírito ao perceber a atual situação literária do Brasil. Há, sim, concursos que estimulam a produção e a divulgação da Literatura, mas têm atingido a poucos. Ou pior, os inscritos são atraídos não pela arte, mas pela premiação em dinheiro. Ainda, a qualidade questionável da produção divulgada pela mídia; enquanto bons escritores estão ofuscados – seja por timidez, seja por falta de oportunidade – e precisam, apenas, de aperfeiçoamento, ou nem disso. Apenas de prestígio, de reconhecimento, de estímulo. Essa é a situação que percebo no cenário literário brasileiro pós-moderno.

            Apelo, agora, a você: escritor escondido em seu imenso talento e introversão. Publique, concorra, motive-se, brilhante vulto moldando palavras no meio da noite! Exteriorize toda essa arte que culmina em seu ser. Torne o mundo mais belo com a pura serenidade que há na escrita sua, para que a Literatura verdadeira possa reinar no país novamente. Ó, alma lírica sombria! Ressuscite! Rejubile! Resplandeça!!!

Leonardo Rander

Belo Horizonte, 3 de outubro de 2011.

domingo, abril 29, 2012

O VULTO

Ela era tão serena que me assustava.
Tão silenciosa que a rosa que lhe dei
era uma flor que gritava muda por ajuda.
Escassa era a fé que me conduzia torto
ao encontro daqueles lábios de por-de-sol.

Eu queria poder encontrá-la pela tarde.
Mas quando eu a buscava só encontrava a mim
perdido num cais em eterna ressaca.

Hoje sei que, talvez, ela nunca existiu.